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O que é o autismo?







O autismo na psicanálise é compreendido de uma forma diferente das abordagens biomédicas e comportamentais. A psicanálise não o vê como um transtorno exclusivamente neurológico, mas como uma forma singular de existência e relação com o mundo. Em vez de focar na adaptação da criança a normas sociais, busca compreender seu universo subjetivo e seu modo próprio de comunicação.


Principais Conceitos Psicanalíticos sobre o Autismo

1. O sujeito autista e a linguagem – A psicanálise entende que, no autismo, a relação com a linguagem pode ser distinta. Algumas crianças apresentam dificuldades na aquisição da linguagem verbal, mas podem criar formas próprias de comunicação, como ecolalia, gestos repetitivos e interesses específicos.

2. O laço social – Em vez de interpretar o autismo como um déficit de interação social, a psicanálise investiga como o sujeito constrói suas relações, muitas vezes por meio de objetos e padrões repetitivos que oferecem segurança.

3. A função do Outro – O desenvolvimento psíquico na psicanálise passa pela relação com o Outro (os pais, cuidadores, a cultura). No autismo, essa relação pode se estruturar de forma diferente, e o trabalho do psicanalista é encontrar maneiras de estabelecer um contato respeitoso com o modo único de ser da criança.

4. Defesas e interesses específicos – O psicanalista Jacques Lacan e autores como Rosine e Robert Lefort destacaram que as crianças autistas muitas vezes criam mecanismos de defesa singulares, como o uso intensivo de um objeto, a repetição de padrões ou o isolamento. Esses aspectos não são vistos como sintomas a serem eliminados, mas como recursos importantes na organização psíquica do sujeito.


Abordagem Clínica


Na prática clínica, a psicanálise não trabalha com protocolos fixos, mas sim com uma escuta individualizada. Algumas estratégias incluem:

• Respeitar o tempo e o espaço da criança, sem forçar interações.

• Acompanhar o interesse da criança, utilizando seus próprios códigos e objetos significativos para estabelecer uma relação.

• Criar um ambiente seguro, onde a criança possa se expressar sem pressões excessivas.

• Trabalhar com a família, ajudando os pais a compreenderem a singularidade do filho e sua forma de se comunicar.


A psicanálise não busca “curar” o autismo, mas possibilitar que a criança encontre formas de subjetivação que lhe permitam viver de maneira menos angustiante e mais conectada com o mundo à sua maneira.

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