Não quero que entendam esse post como um "aceita que dói menos" pejorativo e julgador. Mas mesmo essa frase às vezes sendo utilizada de uma forma nada positiva, ela tem seu fundamento: se você de fato aceitar, realmente tenderá a doer bem menos.
Imagine-se num cabo de guerra, onde o outro lado está fazendo toda a força que consegue e, você, do mesmo modo. Suas mãos já estão começando a ficarem feridas, mas você continua se segurando totalmente na ideia de que se aguentar mais tempo, se persistir, se insistir, vai obter o que você tanto deseja. Só que claramente o outro lado tem muito mais disposição e força que você, e um pouco mais de pressão dele pode te levar mais e mais próximo de vir ao chão, bem como se você continuar puxando, as feridas em suas mãos vão continuar sendo cada vez piores, sangrando.
Esse post não é sobre desistir de sonhos.
Esse post não é sobre desistir dos seus objetivos.
Esse post é sobre encontrar caminhos saudáveis, aceitando a realidade e entendendo que nem tudo é como a gente quer ou gostaria que fosse, mas que ainda assim é possível encontrar caminhos para viver a tal vida que vale a pena ser vivida. Ele é sobre você observar sua realidade, descrever ela, e conseguir discernir se ainda existem recursos pessoais que valham a pena serem empregados para a obtenção de uma mudança significativa, ou aceitar que já não há mais nada o que se possa ser feito a não ser o aceitar.
Quanto mais a gente se debate contra a nossa realidade ou, como citado em exemplo, ficamos nos agarrando à corda que corta a nossa pele, maior tende a ser o nível de sofrimento. Às vezes nos agarramos tanto na ilusão de que aquela corda em que nos agarramos está nos impedindo de cair do penhasco que fica difícil da gente perceber que lá embaixo tem outras redes de proteção ou que talvez a gente possa se surpreender com a nossa própria capacidade de nadar no meio daquelas ondas agitadas - as nossas próprias emoções.
Aceitar a realidade não é nada fácil, eu sei. Muitos fatores podem estar por trás da dificuldade de aceitação: ideia de fracasso, expectativas elevadas, o medo da avaliação externa, a tristeza e a decepção em estar vivendo aquilo que precisa ser aceito, entre outros. E a verdade é que a falta de aceitação nada mais é do que tentar fugir daquilo que se é, daquilo que está acontecendo, evitando lidar de frente com os reais problemas que estão e sempre estiveram por ali.
Se você não aceitar suas emoções, maiores elas tendem a ser e menor a probabilidade de você conseguir regulá-las.
Se você não aceitar quem você é, mais sofrimento você estará causando em você mesmo e menor será a tendência de você construir relações que sejam genuínas.
Se você não aceitar que está numa relação problemática, menor será a probabilidade de conseguir resolver o problema.
Se não aceitar as suas próprias limitações, não vai adquirir ferramentas importantes para fazer com que elas sejam superadas.
Se você não aceitar que já fez o suficiente e ainda assim para o outro não foi o bastante, não vai ter a oportunidade de perceber que o teu melhor pode não ser o tipo de melhor que o outro procura, mas ainda assim não dizendo respeito do teu valor.
Se você não aceitar que você só pode fazer aquilo que te compete, mais frustrado e amargurado consigo você pode acabar se tornado.
Erick França Canêdo
CRP 04/68413
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