O conceito de envelhecimento ativo é o processo de otimizar as oportunidades de saúde, participação e segurança, a fim de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem.
No entanto, para uma parte da população mais velha, ainda que cada vez mais tarde, este é um período de perda. Perda da independência, da autonomia, das pessoas mais próximas e, por vezes, do próprio lar. Por isso, a atribuição do estatuto de “velho” integra, não raras vezes, a perda irrecuperável da própria identidade.
Neste período de fragilidade, são comuns os sentimentos de desesperança, inutilidade e impotência. Muitas vezes, uma grande maioria tem que deixar suas casas, onde moraram durante anos e construíram toda a sua vida. É um processo muito traumático. A decisão de permanecer com a família, morar sozinho ou mudar para uma casa geriátrica depende de fatores como o estado de saúde, poder econômico e o suporte da respectiva família e a disponibilidade emocional e de tempo.
É um processo difícil para todos os envolvidos. Muitas vezes os idosos ficam abandonados no silêncio das suas próprias casas, sobretudo quando os filhos deixam de fazer contato. Em outras situações, estes idosos são abandonados nas geriatrias e/ou hospitais. Por abandono, entende-se o ato do cuidador de negar ou ignorar as suas responsabilidades perante a pessoa idosa. Podem ainda existir casos de abandono emocional como ausência de empatia, desvalorização do idoso, falhas nos cuidados prestados e agressão física, da parte do cuidador.
A negligência pode ser física (exemplos: não alimentar o idoso ou ajudar nas tarefas de higiene), econômica (gerir o dinheiro sem considerar as necessidades do idoso) e emocional (não visitar, infantilizar e desprezar o idoso). Independente do abandono, se o idoso se encontra em uma instituição, no silêncio da sua própria casa ou junto de familiares que o menosprezam, são vivenciados sentimentos de rejeição, desprezo e solidão, os quais impactam a autoestima e facilitam o desenvolvimento de patologias.
Idosos institucionalizados ou sem contato com os cuidadores apresentam riscos mais elevados de depressão, ansiedade, alterações no sono, doenças somáticas e ideação suicida. O suicídio encontra-se presente na população idosa. Este risco é resultado da perda de interesse, isolamento, sentimentos de impotência perante a ingratidão e atitude daqueles que seriam os seus cuidadores. Os idosos podem ainda vivenciar sentimentos de culpa e falha.
Naturalmente, nem todas as pessoas idosas, institucionalizadas ou não, são abandonadas. Há muitas famílias que desempenham um papel ativo na manutenção do bem-estar dos idosos. Visitas, telefonemas e celebrações em dias importantes e diálogo com os profissionais, são fatores primordiais para vivenciar esta fase do ciclo vital.
Janeisa Tomás
Psicóloga - CRP 07/13857
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Seus posts são sempre maravilhosos Janeisa!!! Adorei!!! 😍