há 1 dia3 min de leitura

Fernanda Torres ganha o Globo de Ouro e o orgulho brasileiro ainda está aqui

Fernanda Torres totalmente encantada com seu Golden Globe

A torcida brasileira por Fernanda Torres, que se intensificou no final de 2024, se concretizou de forma ímpar: ela fez história ao conquistar o Globo de Ouro na categoria Melhor Atriz em Filme de Drama, por sua interpretação de Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui.

Em clima de Copa do Mundo e memes célebres, muitos brasileiros, incluindo eu, ficaram acordados até tarde para acompanhar ao vivo a premiação e a possibilidade dessa vitória (mesmo que muitos não acreditassem nela). Nem a própria Fernanda estava preparada para o triunfo: "Eu não sei se eu estava preparada", disse ela.

Meses antes de conquistar o prêmio, a atriz fez uma análise profunda sobre a busca incessante do brasileiro por um reconhecimento global de sua cultura e sobre o impacto do “isolamento cultural” na definição da riqueza artística do Brasil.

Segundo a intérprete de Eunice Paiva, o Brasil vive em um “isolamento”, mas ainda assim, consome e valoriza sua própria cultura: “O Brasil é uma ilha continental, e somos isolados pela nossa língua, mas, ao mesmo tempo, consumimos nossa cultura, temos um profundo interesse por nós mesmos, somos uma potência de 200 milhões de pessoas.”

Entretanto, ao olharmos para o cotidiano, podemos perceber um outro viés: comparando com o prestígio e a procura pelo cinema internacional, muitos brasileiros ainda não prestigiam o cinema nacional da forma que ele merece. Quantas vezes já ouvimos alguém afirmar que o cinema brasileiro não vale a pena?

O discurso de Fernanda Torres após vencer o Globo de Ouro nos oferece uma reflexão sobre a nossa autoestima enquanto nação no cenário mundial:

Ao receber o prêmio, Fernanda Torres demonstrou surpresa ao ouvir seu nome ser anunciado como a vencedora de Melhor Atriz em Filme de Drama. “Meu deus”, começou ela. “Eu não preparei nada porque eu já estava feliz [com a indicação].”

Essa declaração revela a humildade e quem sabe, uma falta de confiança da atriz, que via poucas chances de vitória, o que se confirma por meio de seus depoimentos anteriores à premiação, onde dizia estar plenamente satisfeita apenas por ter sido indicada.

É compreensível, pois Fernanda Torres foi pioneira e fez história: o Brasil nunca havia conquistado um Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz em Filme de Drama. No entanto, em um contexto de exposição e competição internacional, nos deparamos com um lado desconfortável de nossa identidade: a falta de confiança e até uma sensação de inferioridade em relação a outros países.

A vitória de Fernanda Torres diante dos olhares do mundo não representa apenas uma conquista pessoal, mas um triunfo coletivo para o Brasil. É o orgulho de um país inteiro, que teve sua história de dor e resiliência retratada na tela. O filme Ainda Estou Aqui aborda as tragédias da ditadura militar e o impacto devastador da violação dos Direitos Humanos em famílias, gerações e em toda uma nação.

Eu quero dedicar esse prêmio à minha mãe. Vocês não têm ideia, ela esteve aqui há 25 anos. Isso é uma prova de que a arte perdura na vida, até durante os momentos mais difíceis, como os quais Eunice Paiva passou”, disse a atriz. “Com tantos problemas...

A arte, como ela mesma disse, perdura e conforta, tal como a sábia reflexão de sua mãe, Fernanda Montenegro: "O artista é feito para confortar, é um ombro." Que possamos olhar para nossas faces vulneráveis, reconhecê-las, acolhê-las e motivá-las a ir além. Devemos acreditar em nosso potencial e nos orgulhar plenamente com a vitória! Nós podemos e somos capazes, viu mundão?

O que você achou da minha reflexão? Claramente, sou fã da Fernandinha desde Os Normais ♥ Agora, é torcer pelo Oscar!