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Foto do escritorRaísa Suzuki

Sobre transtornos de humor. Foco: a bipolaridade. (Parte I)


Irei iniciar uma trilha de conhecimento de transtorno de humor, com foco na bipolaridade. Esta é a primeira parte, espero que vocês gostem e sigam a trilha até o fim. Conhecimento nunca é demais e, ainda mais, se for sobre Psicologia! :D


Vamos dar início!


Os primeiros registros que tivemos da bipolaridade, foi por meio de estudos da depressão, escritos por Hipócrates, falando sobre melancolia (mela = negra / colia = bile). Se houvesse em excesso no corpo a bile negra, a pessoa sofria de Depressão.


Século I d.C , Hereteu da Capadócia remete-se à Mania: euforia, agitação, pensamentos acelerados, etc. Na Idade Média, essas doenças foram remetidas à religião, como maldição, espíritos, demônios, etc.

Em 1800, a medicina (psiquiatria) retoma a frente dessas doenças. Em 1850, por exemplo, um importante médico francês, é o primeiro a colocar Mania e Depressão Juntas, em uma mesma entidade, chamando-a de “Loucura Circular”.


Emil Kraepelin, alemão, pai da Psiquiatria Moderna, em uma época onde não havia medicação e nem definições das doenças estabelecidas, que hoje temos da doença.

Ele dividiu da seguinte forma, tendo como base a cognicão:


1.      Psicose Maníaca Depressiva (O que viria a ser o TAB tipo 1, atualmente);

2.      Demência Precoce (O que viria a ser a Esquizofrenia).

Ele observa que no exemplo 1, o indivíduo tem uma queda de cognição em efeito escada: (nível de cognição >>> episódio de humor (queda de cognição) >>> nível de cognição >>> episódio de humor (queda de cognição) >>> nível de cognição... e assim por diante).

Já no exemplo 2, ele observa que o declínio cognitivo é intenso.

Até que chegamos na descrição de DSM (Manual Diagnóstico e Estatístic0 de Transtornos Mentais).


A descrição da Mania, por exemplo, não foi alterada em quase nada daquilo do que foi descrito em I d. C., com Hereteu da Capadócia.

A partir do DSM 3 – 1970 /1972, (atualmente estamos no IV), fala-se em TAB tipo 1 e Tipo 2 apenas.


Em 1990, há o TAB tipo 1, tipo 2 e a Ciclotimia, no máximo. (Ler post sobre Transtorno Bipolar no Blog para maior entendimento sobre o assunto).

Nessa época, um psiquiatra americano, Akiskal, vem com a teoria de Espectro do Humor Bipolar, que não há categorias e “caixinhas” pré-definidas onde você pode colocar e diagnosticas as pessoas.


Ele vem com a Classificação de Akiskal: Tipos: 1, 1/², 2, 2/²,3, 3/², 4. Destas, todas foram aceitas pelo DSM, menos a 4. Existem muitos bipolares tipo 1,por exemplo, que são extremamente diferentes entre si, e, isto ocorre, justamente porque os médicos precisam categorizar e “encaixar” algo que, na realidade é um espectro.


Os tipos de bipolaridade, o que é mania e depressão, como distinguir os sintomas, já vimos em outro post, não irei ser repetitiva, dá uma lida lá! Você não vai se arrepender também! Prometo! 😊

 

Quando devo considerar que tive um episódio de mania, segundo o DSM?


>>> Mínimo de 7 com sintomas de mania, ou em alguns casos, menos de 7 dias se estiver transtorno psicóticos em conjunto.


A palavra mania significa “loucura” e hipomania “loucura pequena”, o que não auxilia em nada perante à sociedade e às doenças mentais, mas é os termos que possuímos atualmente, infelizmente.


A Mania Unipolar: Há pessoas que só possuem a mania unipolar. A Nigéria, por exemplo, é um país com maior número de pessoas com este tipo da doença, ao ponto de psiquiatras tratarem isso como o normal e o não a exceção.


Quanto tempo, em percentual, uma pessoa bipolar fica em cada um de seus polos em sua vida?


Bipolar Tipo 1

- 60% Eutímico (Estável)

– 30% Depressão

– 10% - Mania

Bipolar Tipo 2

- 50 % Depressão

 - 49 % Eutimia

– 1% - Hipomania


O que há de complexo nesses dados? A fase de ativação da doença.


Normalmente, quando o paciente está depressivo, que é em sua maior parte da vida, como percebemos, é quando procura-se ajuda médica. Porém é na fase de ativação que podemos saber realmente o que estamos tratando (Fase de Ativação: Mania ou Hipomania). Normalmente, o que ocorre: as pessoas procuram ajuda médica e há um alto grau de erro de diagnóstico de Depressão Unipolar para uma Depressão que é Bipolar, doenças, estas, que possuem tratamentos completamente diversos. Esse tratamento diferenciado, pode piorar o quadro do bipolar ou, simplesmente, não ajudar em nada.


No diagnóstico, é importante falar com os familiares do paciente, para entender se já houve algum episódio de mania ou de hipomania anterior. Pois, o próprio paciente, provavelmente não irá se lembrar ou perceber, já que está procurando ajuda em um quadro depressivo. Qualquer entrevista ou anamnese mal feita, pode ser fatal e o diagnóstico não sair adequadamente, causando maior prejuízo para o paciente.


A hipomania (1%) é a mais difícil de ser diagnosticada, pois ela se confunde com a personalidade da pessoa, com o momento que ela ficou melhor da depressão, por exemplo e não é notada. Normalmente, quem sente a diferença da hipomania na pessoa, é o círculo interno da mesma, quem conhece muito bem o indivíduo afetado pela doença. Percebe-se que ela está fazendo “coisas que não fazia antes”, está gastando mais, não escuta mais os conselhos de ninguém, etc.


Para a família, dica para diferenciar mania de hipomania:

Gasta muito e fez dívida: MANIA;

Gasta muito, mas dentro da sua possibilidade: HIPOMANIA.


TUDO É UMA QUESTÃO DE INTENSIDADE.


Há os “Outros Tipos de Transtornos Bipolares”, que não apresentam nenhum dos sintomas que já citamos. O grande problema é que a maioria das pessoas estão englobadas nesses tipos. Quando você expande as pesquisas, e não considera somente os clássicos Tipo 1, 2 e Ciclotimia. Está deixando de diagnosticar mais de 2/³ de pessoas com o transtorno. Akiskal também foi importante por causa disso, com seu pensamento no espectro da doença. Um diagnóstico errôneo tem implicações, pois possuem tratamentos totalmente opostos.  



Obrigada por ter chegado até aqui e também ser um apaixonado ou apaixonada pela Psicologia!


Até breve! 😊

Raísa Suzuki

CRP-06/138639



Telefone e WhatsApp para contato: (11) 9 7210 5643






 

 

 

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