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Sobre transtornos de humor. Foco: a bipolaridade. (Parte II)





Vamos continuar nossa trilha de conhecimento...


O que seria um episódio misto dentro da bipolaridade?


É quando o paciente está em hipomania, mas está em depressão. (Mistura dos dois polos ao mesmo tempo). Até o DSM 3, descrevia-se esse estado onde o paciente estava totalmente deprimido e totalmente em mania. O que é raro, se isso acontecesse, o paciente deveria estar internado.

A partir do DSM 4 e 5, os critérios foram se afrouxando um pouco: engloba-se depressão com intensa irritabilidade, sensação de inquietação, ativação noturna, intensa ansiedade, pensamento acelerado (chamamos de Depressão Mista).

Há uma tabela que podemos demonstrar como funciona o humor, energia e pensamento em cada um dos casos:   



Neuroprogressão = indivíduos com TAB 1 que ciclam muito durante a vida têm mais chances de ter perda cognitiva. Kraepelin, antes da era farmacológica, já citava isso, como vimos na parte I da trilha. Ele também cita que  a cada novo episódio que o indivíduo tinha, o outro era mais intenso, o intervalo era menor e a cognição caía.


Hoje, podemos saber, que essas pessoas, ainda têm maior resistência à medicação. Ficam mais resistentes ao tratamento medicamentoso. Esse estudo é controverso, porém há uma unanimidade: se você cicla com mania com transtornos psicóticos (TAB Tipo 1), você terá uma perda cognitiva muito maior.

Porém, atualmente, com as medicações e tratamento correto, essa perda de cognição é quase imperceptível (tratamento correto: medicamento, sono regular, atividade física, psicoterapia, etc).


Sabemos por qual motivo, com os avanços da tecnologia, o motivo dessa perda cognitiva: durante a mania psicótica, há liberação maior de glutamato (o que é tóxico e mata neurônios) e dopamina (que em excesso, torna-se “lixo” em nosso cérebro). As medicações modernas (Lítio, Depakote, Lamotrigina), que são neuroprotetores, auxiliam nessa diminuição da perda cognitiva.

70% dos casos de TAB abre antes dos 30 anos. E, destes 70%, surgem como depressão e, apenas 30% em fases de ativação. Sendo assim, na clínica, como saber se uma pessoa é bipolar ou não? Sem seguir apenas o que o CID ou o DSM nos fala?


1)      História familiar positiva: há algum parente do paciente bipolar;

2)      Alta densidade genética de transtorno de humor (avô, pai e filho);

3)      Abriu quadro de depressão antes dos 20 anos de idade;

4)      Se mulher, teve depressão pós-parto, em especial com psicose;

5)      Se existe ganho de peso ou hipersonia (dormir mais de 10 horas por dia);

6)      Quadros se repetem de mais: quatro ou mais de quatro quadros depressivos durante a vida;

7)      Se existe resposta atípica aos antidepressivos. Indivíduo pode ter virada maníaca ou hipomaníaca, tem episódios mistos, ideações suicidas, labilidade afetiva, relações instáveis, não conseguem se estabilizar em escolas, empregos, pessoa fica disfórica. Podem achar que é transtorno de personalidade, mas é apenas um antidepressivo que está sendo administrado para um bipolar.

A bipolaridade ocorre mais cedo que os outros transtornos, tem uma herdabilidade maior, porém se foi gene do pai ou da mãe que fez o filho ou filha herdar o transtorno, isso não faz diferença para o diagnóstico, prognóstico ou tratamento.


Sabemos que hoje há 226 genes em comum do TAB com a Esquizofrenia e o Autismo, por exemplo. 40% da base genética é comum entre essas condições, por isso, é comum vermos pessoas com bipolaridade, tendo filhos autistas, por exemplo.


O TAB Tipo 2 é o que ocorre mais comorbidades, por este motivo, é o mais difícil de diagnosticar. Exemplos: ansiedade, uso de substâncias, TOC, TDAG, etc.

Como cuidar de paciente com TDAH e TAB ao mesmo tempo?

O TDAH exige um tratamento medicamentoso psicoestimulante, o que não pode ocorrer em um paciente com TAB, pois pode haver uma virada maníaca ou hipomaníaca.


Sendo assim, o profissional primeiro:

1)      Estabiliza o humor do bipolar;

2)      Com o humor estabilizado, verificar se tem TDAH mesmo;

3)      Se realmente tiver o TDAH, fazer uso de psicoestimulante, desde que tenha estabilizante de humor antimaníaco.

4)      ATENÇÃO: Se fizer  uso do psicoestimulante antes de estabilizar o humor há uma ciclagem rápida do humor, fazendo com que a qualidade do paciente piore.

Já algumas doenças não se misturam, como é o caso da Esquizofrenia e o TAB, por exemplo.



Obrigada por ter chegado até aqui e também ser um apaixonado ou apaixonada pela Psicologia!


Até breve! 😊

Raísa Suzuki

CRP-06/138639



Telefone e WhatsApp para contato: (11) 9 7210 5643





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