Você sabe o que é e quais são os sintomas de TEPT?
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático/TEPT, mais popularmente conhecido como ‘trauma’, é uma condição de saúde mental marcada por situações extremamente perturbadoras na vida de uma pessoa e que persiste ao longo do tempo.
Mesmo que tenha ocorrido há muito tempo, e apesar de que cada pessoa seja capaz de interpretar os acontecimentos traumáticos de maneira individualizada, é possível que alguns passem pelo evento traumático sem desenvolver o TEPT. Mas aqueles que o desenvolveram, manifestam sintomas que persistem ao longo de sua vida, chegando ao ponto de prejudicar as atividades do seu dia a dia.
Muitos são os eventos que podem levar ao desenvolvimento de um TEPT, portanto, não se restringem a apenas a situações de guerra e desastres naturais, como é comum de se pensar, mas também a situações de violência doméstica, de estupro, de uma notícia de morte ou uma separação inesperada e de acidentes graves – seja como vítima ou como testemunha - entre outros impactantes.
Mas você saberia identificar alguns sintomas que podem indicar que uma pessoa apresenta um trauma?
Entre os sintomas apresentados, quatro chamam a atenção: revivência, evitação, alterações negativas no humor e no pensamento, e, hiperexcitação.
Como cada um deles pode se manifestar?
1- Na revivência a pessoa tem pesadelos e/ou flashbacks dos acontecimentos traumáticos e os revive como se fossem atuais. O corpo e a mente interpretam as reações como se aquele episódio do passado continuasse a acontecer no presente. Esse reviver pode se dar através de pesadelos recorrentes, ou de algum estímulo em um ambiente semelhante àquele, como flashbacks, fazendo com que a pessoa os sinta como se fossem reais. No pesadelo, a pessoa pode sonhar com o que aconteceu e despertar do sono sobressaltada, sentindo-se ofegante e cansada e com medo de dormir novamente, o que pode agravar ainda mais o problema. Se o indivíduo não dorme bem, o seu dia fica mais tenso e menos produtivo.
2- Na evitação, o sujeito passa a evitar os estímulos que podem levar às reações relacionadas ao trauma. Essas reações podem ser físicas, como a de evitar frequentar lugares que a fazem lembrar do que ocorreu, ou podem ser cognitivas, como evitar pensar a respeito. Algumas pessoas traumatizadas não suportam sequer falar a respeito ou pronunciar o nome relacionado ao evento traumático, chegando ao ponto de evitar sair de casa com medo de passar por aquilo novamente. E assim, evitam pensar, falar ou estar no local onde tudo ocorreu.
3- Com relação às alterações negativas no humor e pensamento, o indivíduo tende a se isolar e culpar a si e/ou aos outros. Esses sintomas se mostram recorrentes, pois os pensamentos tendem a ser negativos, marcados por sentimentos de medo, raiva, culpa e vergonha. A pessoa passa a se culpar, mesmo que a culpa não tenha sido dela – no caso de uma violência doméstica, por exemplo – quando lembra do trauma, justificando para si mesmo que não fora capaz de interpretar os sinais ou de prever o que iria acontecer. Ou então, pode culpar o outro por não conseguir seguir adiante, por tê-la prejudicado. Aqui também, o indivíduo pode se isolar e perder o interesse em atividades que adorava fazer e se afastar daquelas pessoas que tinham relação com o ocorrido, seja para evitar reviver o trauma, seja em consequência da alteração negativa do humor e do pensamento.
4- Na hiperexcitação, observa-se um quadro de irritabilidade e de dificuldades de concentração e de sono, comportamento agressivo, hipervigilância, resposta de sobressalto exagerada. A pessoa está alerta o tempo todo, como se estivesse se preparando para lidar com algo muito ruim, algo que acha que ainda vai acontecer. Esse “estado de alerta” pode ser algo muito estressante e chegar a deixar a pessoa emocionalmente esgotada e fisicamente tensa, incapaz de avaliar o contexto sem se deixar levar pelo emocional, ao ponto de contribuir para que ela entre em um ciclo de ansiedade e tensão constantes.
Como observado acima, o TEPT pode impactar significativamente na qualidade de vida de uma pessoa. Os pesadelos e flashbacks, a evitação, o humor e pensamentos negativos, assim como os sentimentos de culpa podem tornar o dia a dia altamente extenuante, além de resultar em sentimentos de isolamento, vergonha e incapacidade de superar o trauma.
Cabe aqui ressaltar que, a realização de um diagnóstico adequado deve ser feito por um profissional qualificado, pois existem outros quadros diagnósticos que podem desencadear alguns dos sintomas acima relacionados e que podem ser passageiros. Se você ou alguém que conheça está apresentando alguns desses sintomas, consulte um profissional da saúde. Quanto mais cedo o tratamento puder ser realizado, maiores as chances de se recuperar e minimizar o impacto na vida social, ocupacional, acadêmica, familiar, pessoal, entre outras.
Ustane Moreira
Psicóloga: CRP 04/14.823
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